Levantei-me e caminhei até o balcão do cartório. Uma duvida parecia existir sobre a realização de uma audiência. Inteirei-me do assunto e acompanhei o advogado até o corredor. Lá estavam ex-mulher e ex-marido. Ela respirando apressadamente olhava no rosto dele enquanto derramava sua dor em torrentes ofensas pessoais. Ele, olhando para o nada, fazia que não escutava. No meio dessa guerra, existia um bebê, que a mãe, submergida num poço de mágoa, negava permitir a visitação. Impossível uma conciliação numa situação dessas. O bebê tinha se transformado num escudo e também numa arma de ataque. A tia, inutilmente argumentava, não sendo ouvida. Triste cena. Ambos deixaram o local levando seus séquitos de aflições e dores. Voltei ao cartório desejando que a nova audiência fosse remarcada para uma data bem remota, quem sabe o tempo traga um pouco de graça e paz que permita um acordo que possa dar àquele bebê um bercinho de esperança onde ele seja só um bebê e jamais uma arma para causar dor em ninguém.
segunda-feira, 30 de outubro de 2017
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