sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

EMOÇÕES DE PROFESSOR

 Quantos anos se passaram? 35 ou 38 anos, nem sei bem. Eu tinha 20 ou 21 anos quando, fiz um concurso para ser professora. Meu segundo concurso. Inicialmente havia uma vaga disponível para todo o município. Com a cara e a coragem conseguimos uma aprovação. A dúvida seria onde eu iria trabalhar. Já lecionava no colégio estadual Casimiro de Abreu. Ansiosa, esperei pela designação. Era um tempo de efervescência política muito acirrada. Meu marido não fazia parte do grupo que estava no governo. A direção da educação no município, mesmo estadual, era ocupada por indicação política. Quando cheguei ao núcleo para ver onde seria aquela única vaga colocada em concurso tive uma supresa dolorida. Você vai trabalhar em Cantagalo que hoje faz parte do Município de Rio das Ostras. Congelei. Não teria como conciliar as duas matrículas. Levantei-me com aquela portaria na mão e perguntei à então chefe do chamado Nec, ou núcleo de educação: Este é o prêmio que você me dá por ter passado no concurso para a única vaga disponível? Se você tivesse conseguido essa classificação, você iria trabalhar lá? Ela não me respondeu. Mas tenho certeza que sentiu a minha dor. Ela era professora também e havia feito o mesmo concurso. Não me lembro bem como as coisas aconteceram. Mas depois de muitos debates e intervenções de amigos sinceros me lotaram na Escolinha do Ribeirão. Era uma punição mais branda por não fazer parte do grupo político que mandava. Ali vivi momentos inesquecíveis, conheci crianças adoráveis, catei muito piolho, ajudava na merenda que era muito carente e deitávamos todos no chão da varanda para descansar. Riamos, chorávamos e estudávamos. Todas aquelas crianças hoje são adultos e eu não seria capaz de reconhecê-las. Porém quando chego na frente da velha escolinha, tudo me vem na memória e sinto uma nostálgica saudade. Quatro ou cinco meses depois fui transferida, a critério da política local para o distrito de Professor Souza para dar aula de história. Antes do final daquele mesmos ano, fui removida para o Colégio do Centro pois a professora de História havia sido transferida e as turmas do ensino médio estavam sem professora. Nossas histórias... são tantas emoções né?

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