Quando o tempo passa deixa para trás seu rastro e vez por outra percebe-se
o aroma da saudade pairando no ar.
Então a mente mergulha em busca de lembranças que habitam em
lugares profundos
Hoje, quando vejo tantos carros, tanta gente diferente e o ir e o vir.
Mais uma vez, voltei a Casimiro de Abreu das minhas lembrança.
Mais uma vez, voltei a Casimiro de Abreu das minhas lembrança.
E então pude sentir o cheiro de bolo que inundava os fins de tarde
próximo da rodoviária, onde seu “Vanor” vendia e D. Nézia tecia longas
conversas com os jovens, dando-lhes bons conselhos.
E ouvi o sino da Igreja, que o Sr. Dalfin, se encarregava,
pessoalmente, de bater às seis da manhã, ao meio-dia e às seis da tarde. Soube outro dias que hoje, o que se ouve é uma
gravação.
A tecnologia bate o sino.
E na então Escola Estadual Casimiro de Abreu, a criançada, suada e
ofegante, após uma carreira da porta da sala até o portão, ganhava as ruas sob
o badalar do sino cujo som inundava toda pacata e serena cidade.
O sol era tão claro mas, não parecia tão quente como hoje.
E havia um cinema onde hoje se ergue o Banco do Brasil , e também “Hi Fi”, e a moçada dançava, juntinho, rosto no rosto ou separado, e era capaz de ser feliz com coisas tão simples.
E então olhei e vi a loja de D. Zaíra, onde Maria, irmã de Dedê, nos vendia roupas de marcas, lindas, mas muito caras. Acontece que ela parcelava tanto que acho eu, tem gente pagando até hoje.
E havia um cinema onde hoje se ergue o Banco do Brasil , e também “Hi Fi”, e a moçada dançava, juntinho, rosto no rosto ou separado, e era capaz de ser feliz com coisas tão simples.
E então olhei e vi a loja de D. Zaíra, onde Maria, irmã de Dedê, nos vendia roupas de marcas, lindas, mas muito caras. Acontece que ela parcelava tanto que acho eu, tem gente pagando até hoje.
E mais na esquina, onde hoje existe uma farmácia, havia uma
vendinha de propriedade de seu Wantuil Barreto Neves que depois virou uma
farmácia que se chamava Camila, e tal Camila, que também era uma menina, não é mais pois cresceu e se tornou uma
advogada.
As vezes a cidade toda parava para chorar. Um acidente de caminhão,
uma menininha que morreu por uma fatalidade no lar; um jovenzinho , que adoeceu e se foi tão de
repente; um acidente de carro na serramar, um afogamento na lagoa da Coca-cola...
O luto cobria todas as famílias. Era um tempo de dor, mas de muito
calor e solidariedade.
E pelas ruas , vestido num
bermudão branco, repuxado para cima, com uma camisa também branca, o Seu
Bezerra que ia e vinha e ninguém sabia de onde nem para onde.
E a entrada do Colégio Feliciano Sodré, onde Seu Leôncio e Dra. Cezarina, sempre estavam à espera, com um papinho e um simpático cafezinho.
E lá na frente estava Godê, mancando de uma perna, olhando para todo lado mas parecia que não via ninguém.
Seu Itamar , com seu jeitão, que tão bem servia ao povo no Segundo Ofício da cidade com uma assinatura de cabeça para baixo que encabulava todo mundo.
E sua esposa, D. Terezinha, muito conhecida pela sua generosidade.
E mais, havia Cartórios na cidade. Sim, dois ótimos cartórios onde
a cidade era muito bem atendida.
Um pouco antes, estava o Padre José, de batina preta, catando crianças pela rua e entregando aos pais, pedindo que tivessem cuidado com as valas negras.
E creiam, era esse o grande perigo que as crianças corriam naquela
época.
E depois chegou Paco que esbanjava graça e simpatia.
Havia uma padaria próximo da linha do trem que era de Seu Chico Marchon e da Dona Diva, e eles constituíram uma grande família, que hoje faz diferença na cidade.
Havia uma padaria próximo da linha do trem que era de Seu Chico Marchon e da Dona Diva, e eles constituíram uma grande família, que hoje faz diferença na cidade.
A o revoar das lembranças me levou ao armazém de Eres, onde Ramon e Ricardo atendiam no balcão. Eram dois molecotes começando a vida, quem pensava que um deles seria prefeito da cidade?
E num tempo remoto, do outro lado da linha, Seu Chico Franco, com um armazém lotado de coisas, guardava a sete chaves um monte de filhas bonitas que aos poucos foram sendo conquistadas por rapazes da cidade, e casaram-se e nos deram inúmeros jovens que habitam a cidade.
E por falar em casamento, o sonho era um vestido feito por D.
Altiva e bordado por Nilzinha.
Hoje se vai ao Rio de Janeiro em dois tempos, e à Macaé num pé só.
Não era assim. A Br 101, era conhecida como “Estrada Tronco”, chegar a Macaé era um verdadeiro Rali. Um ônibus saía de manhã dirigido por Gê Guarabu e voltava à tarde. E pronto.
Seu Tancredo , as pessoas falavam baixinho, era um militante político de esquerda, comunista talvez, embora ninguém soubesse bem que era isso.
Minha professora da terceira série, Vilma Marchon, um dia, ela foi viajar e nunca mais voltou. Ela era linda e era loira. A cidade chorou.
Se houvesse dor de dente, só tinha um jeito. Seu Jaime, o único dentista da cidade, que não era dentista. O risco era sempre do dente ao lado.
Nogueira de Souza, era o Hospital. Por seus corredores, iam e vinham em suas vestes brancas as irmã Francisca e Hugolina, dando sempre um jeito para que tudo estivesse em seu lugar.
E por falar em hospital, quem não se lembra de D. Geny , parteira da cidade, isso mesmo, nada de obstetras ou ginecologistas, tinha uma barriguda para parir, lá estava D. Geny, com sua mãos hábeis para trazer a luz mais um bambino.
À noite, homens e mulheres, sentavam-se às mesas escolares e no MOBRAL, teciam, fio a fio, o sonho de aprender a ler. Lá militava a professora Maria Dias. Ela deixou para Casimiro, uma filha e esta nos legou duas moças, gêmeas, uma graça as meninas.
E do outro lado da pista as pessoas se encontravam no mercado Benevides, um dos primeiro da cidade, sendo de “grande porte”, muito bom mesmo.
Telefone só existia um. E se chamava: PS1, só isso. Era público. A gente ligava e pagava os minutos e voltava para casa feliz da vida. O Outro telefone, ao que dizem, ficava no cartório, não sei bem.
A violência era mais uma personagem das histórias que se contavam. Lendas e história de Marcelino, um bandido assassino de mulheres grávidas e tudo mais de ruim, nos causavam terror, e me fazia conferir as portas e janelas várias vezes antes de dormir.
Eu ficava olhando para cima,
havia um rumor de que ele costumava entrar pelo telhado. Não sei até hoje se
ele, de fato, existiu.
É isso aí gente. A gente é mais que um CPF ou um RG. A gente é o que pensa.
Eu nem sou cidadã de Casimiro. Não tive a honra de aqui nascer.
Mas tive de crescer. Entre as árvores da
antiga Praça Feliciano Sodré eu brinquei de quatro cantos. E tomei banho no rio Tabicum, é claro,
escondido do meu avô. E mergulhei no Pai João. E até fui a pé até o rio Macaé.
Estudei na Escola Estadual e no Feliciano Sodré, que já não existe.
Estudei na Escola Estadual e no Feliciano Sodré, que já não existe.
Na verdade, tudo sempre vai existir dentro do nosso coração
enquanto nós estivermos por aqui.
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