Durante minha infância e adolescência não tive contato com a morte de pessoas chegadas. Somado a isso nossa cultura religiosa repetia que morreu, acabou e que o mais importante é o espírito e ele deixa o corpo que vira pó. Assim seguimos sem nos ocuparmos com os restos mortais dos que se iam. Dia de finados era apenas um feriado a mais onde católicos iam ao cemitério acender velas, colocar flores e rezar. Nunca questionei muito isso como acontece com a maior parte da herança religiosa que recebemos. Minha vó morreu, meu vô, amigos, primas e primos queridos e , meu pai. Meu coração começou a se incomodar com essa postura de indiferença ao nossos mortos. Como assim? Os restos mortais de José foram levados para Canaã, o toque de um morto nos ossos de Eliseu o fez ressuscitar. O corpo morto de Jesus levantou e Reina sobre a eternidade… nossos mortos são nossos!. Ontem, de pé ao lado da sepultura do meu pai tive uma visita silenciosa de um especial conforto. Meu pai que está tão distante estava ali do lado. As mãos que consertavam o motor do meu fusca, capinavam meu quintal, faziam um cafezinho e fritavam meu peixe, que dirigiam um caminhão pelo Brasil afora para me sustentar… a boca que me aconselhava e contava tantos causos, estava de certa forma bem ali tão perto… debrucei-me sobre a pedra fria que guardava o calor do sol e deixei verter uma lágrima de saudade. A viva consciência da morte me aquietou a alma . Pensei em Jesus: a verdade pode ser dura mas liberta. Desci lentamente entre uma lápide e outra. Fui até o meu avô, minha prima Verônica e meu tio Eliseu. Queria ir até Ariézia, meu primo Márcio e tio Ismael mas não sabia o local. Deixei o cemitério com uma paz maior que aquele que me levou até lá. A noite nos reunimos a volta de uma mesa farta, feliz e serena para comemorarmos a vida. Era aniversário de meu irmão Nanaldo e de meu sobrinho Vanilsinho. A vida segue, entre lágrimas e sorrisos, segue.
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