Bem cedinho formavam-se as fileiras de aluno no pátio da velha escola. Todos uniformizados num farfalhar silencioso. Sorrisos e pequenas rusgas se resolvia ali até que a diretora adentrava o pátio. Ela era esbelta, usava uma saia justa até o joelho e exibia as pernas mas bonitas que eu já tinha visto. Todos em silêncio enquanto ela passava entre as fileiras. “ bom dia Jonas! Bom dia Mara! Onde estão suas meias brancas José?” “ bonita trança Aninha”. Ela nunca falou comigo. Eu era aluna nova no Instituto D. Eduardo na cidade de Ilhéus na Bahia. Era “carioca”, acho que isso exalava um certo respeito. Quando ela passava eu corria os olhos, curiosa, para ver a parte das pernas expostas, como alguém poderia ter penas tão lisas? Olhava para minha perninhas finas e marcada pelos arranhões e machucados da infância e suspirava. Muitos anos depois descobri, desiludida, que se tratava de meia-calça. 🤦♀️.
A bandeira era erguida e cantávamos o Hino Nacional. As vezes
Cantávamos uma música que dizia “ Deus abençoe as Crianças, as crianças do Brasil, pra que elas tragam ao mundo o amor que jamais existiu...” . A seguir íamos para o velho prédio colonial onde subíamos por uma grande escada de madeira em forma de caracol e em silêncio moderado, recebíamos a tia. Eu estava na segunda série. Ali aprendi muita coisa boa, dentre elas, a cantar o Hino Nacional. Não consigo ver erro nisso. Ordem e Progresso é o lema de
Nossa Bandeira e é um belo lema. Qual o problema se tem influência do Positivismo? Qual o problema se nosso exército sofreu tais influências? Qual o problema se nossas forças armadas chamam para si um “ ideal de salvação nacional?” Alguém teria que ter essa consciência já que o que temos visto até aqui nos últimos 30 anos é o sucateamento das instituições que alicerçam a sociedade, como família, igreja, patriotismo e soberania nacional. Cantar o hino nacional não me ofende. Pelo contrário farei isso sempre com muito respeito e honra. Aquele mesmo respeito que tive pelos meus alunos enquanto estive com eles e tenho com o meu trabalho, pois, só cantar o hino não é sinal de
Cidadania. A mudança, por certo haverá de ser muito mais ampla e profunda. Dispensaria, se fosse o caso, aquele velho retrato com a faixa verde e amarelo que os políticos gostam de colocar nos órgãos públicos, isso é de doer. Mas, digo Sim ao Hino Nacional e à bandeira nas escolas.
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