quarta-feira, 21 de julho de 2021

DESÍDIA - POEMA POR OCASIÃO DA PANDEMIA

 Desídia

A morte avisou,

Ninguém acreditou,

Carnaval rolou, 

O cristão não orou

O presidente mencionou

O governador sambou 

O desfile na avenida brilhou 

Até Jesus apanhou.

A morte assistiu com nostalgia 

Avisara, para minimizar  a agonia. 

E agora o mundo em sentinela 

Olha a escuridão pela janela.

Dos  primeiros andares das torres gêmeas, observa em tortura, 

Corpos que descem à fria sepultura.

E a morte, à contragosto, 

trabalhando dia e noite

Em regime de plantão, 

Em seus braços tão temidos 

Leva a alma de um irmão. 

Em sua face de pedra 

Um suspiro se esboça,

Como quem sente culpado.

Não cheguei sem avisar, 

Meu trabalho é triste sim

Mas terei descanso enfim.

E a escuridão da morte 

abrirá caminho para a luz.

Não haverá mais noite. 

Ora, vem Senhor Jesus!

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