Desídia
A morte avisou,
Ninguém acreditou,
Carnaval rolou,
O cristão não orou
O presidente mencionou
O governador sambou
O desfile na avenida brilhou
Até Jesus apanhou.
A morte assistiu com nostalgia
Avisara, para minimizar a agonia.
E agora o mundo em sentinela
Olha a escuridão pela janela.
Dos primeiros andares das torres gêmeas, observa em tortura,
Corpos que descem à fria sepultura.
E a morte, à contragosto,
trabalhando dia e noite
Em regime de plantão,
Em seus braços tão temidos
Leva a alma de um irmão.
Em sua face de pedra
Um suspiro se esboça,
Como quem sente culpado.
Não cheguei sem avisar,
Meu trabalho é triste sim
Mas terei descanso enfim.
E a escuridão da morte
abrirá caminho para a luz.
Não haverá mais noite.
Ora, vem Senhor Jesus!
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