sexta-feira, 15 de novembro de 2019

POBRE REI UZIAS


No escuro do seu quarto ele olhava pela pequena janela a luz da manhã e ouvia os ruídos que vinham do movimento lá fora. Suas mãos estavam cada dia mais incapazes de tocar qualquer coisa, seus olhos mal se abriam em razão da enfermidade que lhe deformava todo semblante. Com pesar lembrava-se do que fora um dia. Aos 16 anos tornara-se Rei. Seu Pai fora assassinado por homens de sua confiança como se fosse uma animal caçado. Não queria ser como o pai. Queria ser lembrado como um grande administrador. E de fato ele foi. Ele era incansável, derrotava inimigos e construía cidades. Era respeitado pelos seus inimigos que, para manter a paz, lhe enviavam presentes caros. Era Poderoso. Construiu muitos fortes com os quais mantinha seu povo protegido. No meio do nada ele achava água e construía cisternas imensas que possibilitava a criação de gado e o crescimento da agricultura. Investiu em técnicas agrícolas e transformou-se num grande produtor de alimentos. Seus auxiliares eram homens destros, inteligentes em estratégias e corajosos guerreiros. Escolhia muito bem quem estaria a seu lado no governo. O cara era bom! Quem trabalhava com ele tinha a garantia de todo recurso para cumprir sua missão. Ele investia sem pena inclusive em pesquisa pois em seu governo houve muitas invenções. Armas inteligentes que garantiam sucesso nas empreitadas. Ele confiava em Deus e seguia até que a vaidade lhe subiu à cabeça. Ele se sentiu forte.
Enquanto olhava para suas mãos deformadas ele sentia sua fragilidade e pensava como pode ter sido tão ingrato com Deus. Uzias, estava preso em uma casa com o corpo tomado de lepra. Por último ele quis tomar o lugar de intercessor junto a Deus e entrou no Templo para fazer coisas que não lhe diziam respeito. Ele era forte mas Deus era mais.
Enquanto caminhava manco para o leito, lágrimas desciam pela pele apodrecida em seu rosto.
Tivera tudo para ter um final feliz, porém a tolice venceu e ele perdeu. Perdeu tudo e agora definhava de dor e tristeza enquanto outro reinava em seu lugar.
Quantos de nós recebem a oportunidade de ser tudo, de fazer tudo, chegam ao auge da glória e de repente, se perdem no meio do caminho, cegos pela glória do poder, pela vaidade de dominar tudo e todos, e acabam suas vidas na solidão do abandono, como um leproso que ninguém quer tocar. Que Deus tenha misericórdia de nós. ( Baseado em II Crônicas 26)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A GRANDE REVOLUÇÃO

  Jesus convocou o mundo para o maior desafio já visto: ama o teu próximo… eu sempre digo: dura coisas nos pediste. Pedir para amar é pedir...