GRANDEZA

 Quem é a maior pessoa que você conhece? Algum tipo de sofrimento contribui para a grandeza dela? Estas perguntas estavam no rodapé de uma Bíblia de estudos que eu estava lendo nesta manhã. Parei para pensar nas pessoas que admiro. E sim, o motivo que me leva a ter por tais pessoas admiração está relacionado a algum tipo de sofrimento que vi tais pessoas viverem. Comecei a escrever numa folha alguns nomes. O primeiro deles é de uma pessoa com a qual não tenho amizade pessoal. Ela nem imagina que um dia fui impactada pela reação que vi nela ao vê-la sob intenso sofrimento. Passei para o segundo nome, era de uma santa mulher que mora no céu. Pensei em sua bondade, em como criou os filhos com tanta dificuldade. Em como ela dividia o pouco com todos que chegavam. Lembrei de ouvir de um de seus filhos que jamais um pedinte passou em sua porta para não ganhar um pratinho de comida, muitas vezes, em prejuízo do dela. Em como ela usava um ovo para fazer um omelete e repartir entre os filhos e agregados. E isso, sem reclamar. Lembrei da sua doença e em como ela sempre dizia que estava melhorando mesmo estando evidente que estava em seus últimos dias. Parei e lembrei da terceira pessoa, em como ela suportou um casamento cruel, o adultério do marido por anos a fio, levando o peso da vergonha, da dor e da solidão de uma mulher casada com um homem infiel. Pensei em como ela suportou, criou os filhos e manteve-se fiel até que levou o companheiro a sua última morada e por ele lamentou. Eu realmente admiro aquela mulher. Mais um nome surgiu na lista, desta vez era de um homem cuja vida era admirável, não porque era perfeito, mas porque era humilde, reconhecia seus erros, sofria por eles, e sobretudo, sabia perdoar e amar seus inimigos. Queria ser como ele, ao menos um pouco. Alguns nomes se seguiram, um, pela paciência e tolerância, outro pela fidelidade a si mesmo e à sua palavra, capaz de sofrer grandes prejuízos para manter a própria palavra, outra, pela pureza do coração e bondade infinita; outra pela postura amiga, companheira e paciente para com pessoas que lhe causavam grande dor, outra por ter sido torturada, maltratada desde o nascimento e conseguir ser uma mãe maravilhosa, amorosa e doce. Pensei em todas aquelas pessoas e depois em mim. Eu não estou na lista de pessoas que eu admiro. Meu nome não entrou na lista. Não consegui ver mérito nesse nome. Não consigo me livrar de certos rancores, não os quero, mas são pegajosos como visgo de jaca. Não sei fazer um omelete e dividir por quatro pessoas, não sei dar, sou apegada, sou egoísta, amo coisas, desejo coisas demais e fico infeliz quando não as conquisto; não suportaria infidelidade, não perdoo com facilidade pois ainda que deseje perdoar volta e meia uma sombra densa me visita e preciso começar de novo a perdoar. Sim, definitivamente eu não estou entre as pessoas que eu admiro por enfrentarem a dor e o sofrimento com maestria. Mas queria muito ser assim. Então nesta noite, minhas homenagens silenciosa a pessoas maravilhosas que passaram pela minha vida e uma oração: Senhor , eu quero ser uma vaso novo. Quebra minha vida e faze-a de novo, eu quero ser, eu quero muito ser, um vaso novo. Boa noite, descanse na paz do Senhor.