sábado, 28 de novembro de 2020

MATEUS 5:15

 Hoje sai cedo para caminhar. Deixei a bike descansar um pouco e dei uma trégua para meus joelhos de 55 anos. Segui por uma estrada de chão. Pensei no Livro “Todos Cantam sua Terra, de Arnaldo Linhares. A Estrada do Lontra já foi local de movimento, isso antes da Estrada Tronco se transformar em BR 101. Fiquei imaginando os tropeiros seguindo em direção a Barra de São João levando os burros carregados de mercadorias. Pensei nas conversas, se falavam dos preços altos, do governo, do tempo, dos amores e desamores. Minha pernas avançam. Meus olhos buscavam algo além da poeira que se levantava a cada carro que passava. Alguns ciclistas sumiam adiante na estrada. A paisagem convidava. Por um instante atentei para  a vegetação e lamentei a ausência de flores. Continuei com atenção e elas, miúdas, singelas, escondidas entre folhagens, silenciosas estavam lá a me saudar. Banhadas pelo orvalho da manhã exibiam sua glória e brilhavam, ali, no meio do nada. “Não se pode esconder uma Candeia debaixo de um cesto...” Mat 5:15. A cada uma que se mostrava eu parava para registrar seu momento de glória. Elas e eu sabíamos que logo à tarde elas não mais existirão. Elas sorriam para mim e me diziam que bem pode ser que hoje a tarde eu também possa não mais existir. Sorri e concordei. Um desavisado certamente passaria sem ter esse momento mágico. Mas hoje eu consegui aquietar o coração e pude entrar na mágica beleza da perfeita criação. Cada pessoa por mais escondida que esteja, são mais que essas flores e tem sua beleza, seu valor, seu perfume. As lentes do amor poderão captá-las. Olhos de amor. É a lente que pode ir além da poeira cinzenta da estrada e trazer cor e alegrar a curta e tortuosa viagem chamada vida.

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