terça-feira, 25 de julho de 2023

SER MULHER SEM FRESCURA

 Acordei tarde para pedalar, mas era cedo para outras coisas. Então resolvi pegar o saco de roupas que estavam aguardando reparos. Um bolso furado, um vestido descosturamos, um botão caído, uma bainha solta, essas coisas. Pequei a máquina e comecei a acertar a linha.Me perguntei como eu sabia fazer aquilo. pensei que seria bom se Helena estivesse aqui para aprender a usar a máquina. Pensei em como as meninas são criadas hoje. Muitas acham que as atividades do lar são uma ofensa. Que tolice! Eu criei dois filhos, conquistei três graduações e trabalhei por 38 anos, em diversos lugares, às vezes concomitantes, aprendi a cozinhas, faxinar, pintar tecido, pintar tela, bordar, fazer crochê, fazer tapetes e, consertar roupa descosturara. Sem contar que preciso ler diariamente ao menos uma hora para não perder a lucidez humana. Não me sinto em nada pior que uma executiva que nunca lavou suas calcinhas. Mas deixa isso pra lá que isso vai ofender alguma feminista de plantão. Lembrei de que aos 11 ou 12 anos frequentei as VOLUNTÁRIAS, um grupo de mulheres católicas que prestavam serviço comunitário voluntáriamente. Lembrei de Leonice e d. Arinda, e se não me falha a memória, coordenavam o lugar que funcionava numa velha casa ali na beira da linha. Meu coração ficou tão apertado de me ver ainda magrela e pálida em pé ao lado da longa mesa tentando entender como elas cortavam aquele papel que depois virava molde e virava roupa. Infância… coisa que quase não existe mais… Não consegui aprender a fazer roupa, afinal, cada um tem seus dons, mas de alguma forma aprendi a manusear a máquina de costura e a fazer crochê. Deixo meu muito obrigada àquelas mulheres todas que se davam com tanto carinho e que plantaram essa lembrança no meu coração.

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