segunda-feira, 23 de abril de 2012

TEATRO- escrito para o Louvart



A CEIA;

1-     PEDRO
2-     JOÃO
3-     A MULHER SAMARITANA
4-     O GADARENO
5-     NATANAEL

NARRADOR: Era Páscoa. A última de Jesus na Terra como homem. Oportunidade perfeita para Ele esclarecer sua missão na terra. Ele era o Cordeiro Pascal. E o seu sangue, tal como defendeu o povo de Israel da morte no Egito, seria derramado nos umbrais de nossa vida para nos garantir perdão dos pecados, vitória sobre a morte e a presença permanente de seu espírito em nossa peregrinação no deserto desta vida. .. “ Porque isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados...”

Mas como seria voltar e poder ouvir os discípulos e demais pessoas que com Ele estavam naquela ocasião?

A partir das experiências e vivência talvez dissesse Pedro:

“ Eu estive lá. Assentei-me naquela mesa. Eu ainda não era capaz de entender toda a grandeza daquele momento. Lembrava-me do dia em que,  apavorado,  o vi caminhando sobre as ondas do mar. Eu via e não cria.
- “Se és tu mestre faça que eu também ande sobre a água”. Ele me disse: “vem”. Não podia acreditar, mas eu estava andando sobre as águas! Era inacreditável... de repente o perdi de vista e minha fé falhou. Comecei a afundar... no meio da escuridão sua mão grudou na minha. Sua voz  amorosa me despertou ...  “Homem de pequena fé por que duvidaste?” Antes dEle me amar eu era simplesmente Simão. Depois , PEDRO. PEDRA, pedra bruta... pedra lapidada... de bronco pescador de peixes a destemido pescador de almas... de Covarde que negou o nome Santo de Jesus a Valente que arrebatava multidões ao aprisco do Pastor Maior... o que mais posso dizer? JESUS foi na minha vida a maior experiência e o mais glorioso encontro... Cear com ele foi e ainda é minha maior alegria...



E JOÃO, O QUE DIRIA?

Eu também estive lá. Eu era bem menino. Meu irmão Tiago também . Eu olhava para o mestre... Embora ele fosse sempre bem humorado... havia um misto de preocupação e dor em seus olhos naquele dia. Eu e meu irmão aprendemos muito com Ele. Nós éramos muito bravos,  “ Filhos do Trovão...”. Lembro-me quando os samaritanos rejeitaram Jesus... Logo saltamos na frente, queríamos mostrar que éramos os mais fortes... “Mestre, queres que mandemos descer fogo do céu e queimemos essa gentinha?”. Ele nos olhou, abanou a cabeça... sorriu docemente como quem diz “ eles não estão entendendo nada!  Disse: “ Este não é o nosso espírito... vocês ainda não sabem de que espírito somos? Eu não vim destruir as almas dos homens... Eu vim para salvá-los”. O que mais nós poderíamos dizer... Ele me ensinou a amar aquela gente... Ele me ensinou a amar o mundo perdido... minha mãe queria um lugar a direita e outro à esquerda dele para nós... coisa de mãe... ele nos deu a glória de entrarmos com Ele no céu. Fiquei conhecido como ao apostolo do amor... alguns dizem até que não morri... (RS) que importa?

Ele foi o maior amor que a humanidade conheceu.


A Mulher Samaritana:

Eu cheguei ao poço, de longe vi aquele homem sentado. O sol do meio-dia ardia em minha cabeça. Eu sempre ia naquele horário pois as mulheres não costumavam ir lá na hora do almoço. Assim  eu evitava os olhares maldosos e comentários das mulheres da cidade.
 -A esta hora aqui? (Pelo jeito dele era um Judeu...)  fui surpreendida quando ele falou comigo, me pediu água... Eu estava acostumada ao preconceito. Para as mulheres,  eu era uma ameaça perigosa... tive muitos amores ... o atual era um segredo. Para os homens eu era apenas uma mulher qualquer,  sem honra e de vida fácil. Para um Judeu eu era tudo isso e ainda era Samaritana.
-Como podes sendo tu Judeu, falar com uma mulher como eu?
E ele descortinou os meus olhos. Ele não me dirigiu insultos ou gracejos... ele me pediu água e me deu mananciais... Eu que era famosa pela minha beleza e sensualidade... passei a ser conhecida como a Mulher do Poço de Sicar, A Samaritana que,   lavada de toda sua impureza,  se transformou na primeira missionária da História.

 Eu,  que andava escondida,  agora saio anunciando “ ...Porventura não é este o Cristo?” E muitos vieram e creram... e foram salvos por ele. Entrei para a História Cristã, para que todas as mulheres saibam que Jesus conhece nossas fragilidades, nossa condição, nossos fracassos... Ele nos ama assim mesmo. Ele nos recruta e nos assenta em um lugar de honra.  Jesus foi minha maior conquista, pois com ele obtive o tesouro incorruptível que ninguém pode me tirar.



O GADARENO:

Sentar-me a mesa de Cristo era a maior honra da minha vida. Eu que vivera em sepulcros, comia excrementos e imundícias ,  acorrentado, sujo e ferido... Eu agora estava ali, limpo e perfumado. Eu sorria o tempo todo. Como eu o amava! Ele havia me encontrado. Todos corriam de mim. Ninguém ousava aproximar-se. Liberto e grato eu queria ser um dos discípulos. Mas ele me mandou cuidar da minha família e anunciar aos meus a novidade. Eu obedeci. Fiz o que ele mandou. Voltei para minha família, voltei a ocupar o espaço que ficara vazio. Alguns são chamados para apostolo, para pregar a multidões. Eu não. A mim ele deu a honra de ganhar minha família e meus vizinhos, orar por eles e testemunhar e hoje minha história é contada ao mundo inteiro. A minha gratidão e meu amor não me permitiram  faltar a esta Ceia.


NATANAEL:

Um homem sério e respeitado. Assim eu era. Mas cético. Precisava ver para crer, do tipo de Tomé. Me disseram que o Messias estava passando e que era natural de uma cidade insignificante chamada Nazaré. AH! Eu duvidei! “ pode vir alguma coisa boa daquele lugar?”  Eu e meu preconceito: O preconceito é sempre assim: Vive preocupado em saber se você nasceu no Piaui, em Minas ou São Paulo, não está preocupado com você, mas somente com a cor da sua pele e com seu estatus social..

Filipe, meu amigo, franqueou... “ vem e vê”. Eu fui. Glória a Deus que eu fui!

Cheguei desconfiado... ele já me conhecia.. antes mesmo que Filipe me visse ele já me tinha visto... E eu duvidei dele... Eu estava embaixo da Figueira quando ele me viu... como se não havia ninguém no local? Ele me disse que eu veria coisas maiores... e eu vi. Vi  milagres inacreditáveis... vi coisas indescritíveis... Vi a gloria de Deus naquele homem maravilhoso.

Ele não era de Nazaré, nem de Belém, Ele era do Céu!

O preconceito amarra você , envenena a nossa vida. Imagine só, se eu não tivesse aceitado o convite de Filipe? Minha vida teria continuando a ser uma vida de trevas, angústia e desespero. Eu,  não poderia faltar a esta Ceia.


A CRIANÇA:


Ser criança é sempre ver o lado positivo da vida. É  não se preocupar com o dia seguinte,   é esperar pelo presente no natal e no aniversário e um ovo na páscoa. É deitar no colinho dos pais e adormecer, feito um anjinho, tendo a certeza de que eles sempre estarão ali do seu lado, para protegê-la e amá-la...

Não no meu caso.

Eu vivia pelas ruas da cidade.... Meus olhos grandes olharam por toda parte... aonde encontraria uma pouco de comida hoje? Havia umas mulheres caridosas no outro lado da cidade que sempre me davam alguma coisa...  No meio do caminho encontrei uma multidão. Abri caminho , havia varias crianças no local levadas por seus pais. Será que alguém está distribuindo presentes? Seria comida? Alguns homens diziam... Saiam! Afastem-se! O Mestre está falando coisa importantes, aqui não é lugar de criança... Xô... saiam todos... só os homens ficam... Fiquei curioso. Fui empurrando.. até que O vi. Ele estava sentado... Ele também me viu. Havia muita gente ali ... Mas   Ele olhou diretamente para o meu coração.  Era o olhar do pai que eu não tive. Era a ternura da mãe que não conheci. Era a proteção dos avós que nunca senti.   Ele me olhou e eu o amei tanto que fiquei estático.  Ele era lindo. Ele atraia a gente para perto sabe?  Tinha um imã. Queria chegar mais perto dele... mas aqueles homens me puxavam para longe.  Ele então levantou-se, foi até mim, Me colocou em seu  colo e disse: Deixem os pequeninos virem a mim. Não briguem com eles que eu não gosto. Saibam que eles são os donos do Reino do Céu... Deixai-os vir a mim... então os pais traziam seus filhos... e eu... estava ali como um grande. Pertinho dele. Então ele olhou para o céu e nos abençoou. Desde aquele dia, eu passei a andar ao seu lado pelas ruas da cidade. Cedo saia a sua procura.  Nunca mais tive fome, junte dele sempre havia o que comer a gente comia peixe,,, comia pão ( fazer cara de alegria , passar a mão pelo estômago com quem está com fome...) . Também nunca mais senti falta de amor. Eu me sentia importante. Eu era um Gigante. Outro dia ele me puxou para perto. Que glória... “ Vejam este pequeno menino. Vocês não devem jamais desprezar uma criança... Saibam que elas tem anjos que estão sempre na presença do pai que está nos céus ( mat. 1810)  Ele disse também... qualquer que receber esta criança... me recebe a mim... Meu Deus! Como eu era importante e não sabia disso! Quem


O discípulo anônimo.

Eu não pude me sentar naquela mesa com Jesus.  Mas o convido a cear comigo diariamente.  A cidade onde nasci não importa, o certo é que nasci da água e do espírito. Minha casa pode ser  rica ou um simples casebre, não vem ao caso pois estou de passagem por aqui e vou habitar em palácio real, cujas ruas são de ouro puro.  Não sou um líder nem ocupo lugar de destaque na direção da Igreja, mas sou um servo e faço questão de servir  por onde eu passo deixando o bom  perfume de Cristo, orando e animando os meus irmão e amigos no nome de Jesus.  Não busco reconhecimento, mas quero ser uma luz que reflita a bondade  do meu Senhor:  seja em casa, na Escola, dentro do ônibus, no escritório,  na direção de minha empresa, no Hospital, num asilo ou orfanato, seja na rua ou no trânsito com o amigo ou o estranho.  Quero ser sempre guardião dos mandamentos do amor, chorando com os que choram e me alegrando com os que se alegram. Não me assusto com as notícias ruins, lembro que Jesus nos avisou que os últimos dias seriam de calamidade. Eu erro, mas fico decepcionado comigo mesmo e clamo a Jesus mudar a minha vida.  Sou o discípulo anônimo e queria viver me revelar na face de cada um de vocês. 


NARRADOR: MUITAS PESSOAS SE ASSENTARAM ALI NAQUELE DIA, Até mesmo Judas, que deveria ser discípulo e não traidor. Ele também deixou seus pais e sua propriedade para seguir a Jesus. Era bom administrador e de muita confiança. Foi escolhido para ser o tesoureiro do grupo.  Talvez isso lhe tenha afetado a ambição. O dinheiro passou a ser sua meta. Imagine que o dinheiro para ele tinha mais valor que o mestre. Ele já havia demonstrado isso quando Maria Madalena ungira os pés de Cristo com um caro perfume . Ali ele não conseguiu disfarçar seus intentos... ficou furioso e aos gritos lamentava o derramar do óleo...  “devia ser vendido para dar aos pobres”  dizia para disfarçar seu verdadeiro intento que era usar em proveito próprio o dinheiro do grupo.
Ele assistiu a tudo que Jesus fez. Coração duro. Sem mais nem menos, por dinheiro, traiu o amigo . Judas se arrependeu. Mas não foi capaz de ir a Cristo para pedir perdão, como Pedro o fez. 
Suicidou.
Podemos ver Judas ainda hoje,  em pessoas que estão ao lado de Jesus e o trocam pelas riquezas e deleites deste mundo. Pregam o amor ao próximo, mas sentem-se mal com a felicidade dos outros. Oram para que o “pai nosso perdoe as nossas dívidas” mas não querem perdoar a aos seus devedores; entregam seu dinheiro mas não entregam sua vida...  como Judas falam bonito: “... os pobres precisam de ajuda...” mas não move em tostão de sua bolsa para ajudar a ninguém....

É tempo de se analisar que tipo de experiência nós, como discípulos de Cristo,  temos tido com ele.
O pão e o vinho, são a demonstração de que somos um em Jesus Cristo e o amor que ele nos amou deve ser real, não de palavras bonitas, mas de atitudes dignar de quem se senta à sua mesa.

 A cada ceia nos lembramos que ele é o pão que alimenta nosso espírito de  fé e graça e o vinho é o elemento que mata a sede de Deus e nos dá força e ânimo para enfrentando todos os dias da vida, com esperança, aguardando até o dia em que o faremos de novo com Cristo no Reino do PAI. 

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