“...A minha paz vos dou...” Jo 14:27,

 Saí para caminhar sob a fina chuva da manhã. Pensei no estrago que causaria no meu cabelo e no pelo de Chico. Mas já são três dias sem caminhar e Chico estava ficando doido e me endoidando. No alto do morro olhei a pista, Br 101. Carros que vão e que vêm. Cada volante uma vida, uma história, saudade, medo, angústias, expectativas. Um Coração batendo, tum, tum, tum, uma alma preciosa. Um filho distante, uma esposo que ainda não chegou, uma filha voltando do trabalho. Cada veículo seguindo o seu rumo na expectativa de chegar em algum lugar. Parei e fiquei contemplando aquele cena. A Serra do Mar, imponente, esguia, erguia-se ao fundo. Meus olhos seguiram em sua direção e se elevaram além . Um pouco acima as cinzentas nuvens escondiam o azul do céu. Um pouco além do azul não visto, pensei, estavam os olhos do Deus criador e sustentador. Desejei que ele me ouvisse. Pedi-lhe que abençoasse a estrada e todos que por ela seguem por todo Brasil. Já que anjos são ministros colocados para auxílio dos homens, pedi uma escolta reforçada para cada trecho da estrada. Sorri pensando na quantidade de anjos que Deus teria que mandar, talvez tendo que transferir alguns do Afeganistão ou da Síria. Tudo bem, pensei, há milhões de anjos. A chuva agora se recolhera. Chico corria como louco. Virei-me e deixei o local com o coração pensativo. Além do azul do céu há um poder eterno. Não posso perder isso de vista. Que cada um que deixou sua casa neste final de semana prolongado e chuvoso possa retornar em segurança e desfrutar desta benção com gratidão e paz no coração. Paz é um bem tão preciosos, tão necessário, tão difícil. Mas Jesus nos prometeu sua paz “...a minha paz vos dou...” Jo 14:27, e Ele sempre cumpre o que diz, precisamos receber isso. Bom dia.

ELE NÃO É MAIS CEGO... JESUS FEZ E FAZ MILAGRES

 Quando seus pais perceberam que ele nunca poderia enxergar a luz do dia ficaram desolados. A vida dura nunca lhe deu regalias. Acostumara-se a ser ignorado ali sentado à beira do caminho esperando pela caridade alheia. Agora podia ouvir a conversa entre alguns homens que estavam bem perto. “... nem ele nem seus pais pecaram...sou a luz do mundo... percebeu que alguém passara lama sobre seus olhos , ouviu uma forte e confiante voz lhe mandar lavar os olhos na fonte de Siloé. Ele foi. Qual não foi sua emoção ao perceber as formas a sua volta. Louco de alegria corria pelas ruas enquanto as pessoas olhavam duvidosas : é ele? Ele é o cego? Mas ele não é cego? Parece com ele... ele para e com um sorriso maior que o mundo grita “ sim! Sou eu! Um homem chamado Jesus...” ele então relata sua experiência sobrenatural com o filho de Deus. Logo os descrentes o conduziram aos maiores do templo. Quem fez isso? Onde ele está? Ele é um herege pois hoje é sábado e ele não pode curar ninguém no sábado! Mentira ele nunca foi cego! Foi sim? Não foi! Chamem os pais dele! No meio da confusão o ex-cego brada com firmeza: ...uma coisa sei, e é que havendo eu sido cego, agora vejo! ... se este não fosse de Deus nada poderia fazer... acabou expulso do templo, mas feliz. Logo Jesus veio a seu encontro, e lhe fez a pergunta mais importante do mundo: você crê em mim? E ele, de fato creu. Os de olhos sãos não viram, o cego viu. Ainda hoje o mundo está assim dividido. Qual a sua condição? Não consegue ver solução? Não consegue ver paz, não consegue ver possibilidade, não consegue ver a saída? Ouça a voz do Mestre. Receba a cura e tenha luz que iluminará um novo caminho. Ele é o bom Pastor e deseja apascentar sua preciosa vida. Ele recolhe suas orações e não deixa você desamparado. Amigo, companheiro, fiel. Repita comigo: “Ainda que ele me mate, nele esperarei”! (Jó 13:15). Tenha uma noite de paz.

ORAÇÃO O CAMINHO DO CÉU

 As vezes oro a Deus entregando meu coração e tudo que ele pensa desejar. Chego diante de Deus com aquela lista, como de supermercado, e vou disparando sobre Ele. Isso me deixa,quase sempre frustrada. Queria ter um modo de orar sem ter que bombardear Deus com pedidos. Afinal, como eu, o pó do casco da pata do cavalos do bandido, vou achar que posso dizer. Deus o que ele tem que fazer? Lendo a Bíblia encontro outros homens, bem melhores que eu, que viveram as mesma coisas. Habacuque por exemplo orava cheio de revolta.., “até quando clamarei e tu não me ouvirás? “Será que ele pensava que Deus estava surdo? Habacuque as vezes parecia estressado. Mas a coisa estava feia lá. Não diferente de hoje. Quem de nós já não está cansado de ver tanta miséria, injustiça e sofrimento? Quem de nós não está indignado com a falta de temor de Deus, com a falta de respeito com os valores cristãos, com a falta de vergonha de políticos demagogos? A gente, como habacuque está quase em desespero. Quando Deus respondeu a Habacuque ele ficou assustado. Não era exatamente a resposta que ele queria. Ele reclama que o povo está pecando demais, Deus demora para responder, ele insiste, Deus então diz que o povo era ruim é que por isso um povo ainda mais ruim viria e tomaria conta de tudo. Habacuque se apavorou. Mas o que ele queria afinal? Nem sempre a justiça de Deus vem arrumadinha, de boa. Justiça pode ser algo bem doloroso. Jesus entende bem disso, pois ele foi feito justiça de Deus. Então hoje, quero apenas pedir ao Senhor que seja feita sua vontade e que meu coração entenda e tenha paz. Nem sempre Deus me atenderá mas sei que nunca, absolutamente nunca, deixará que eu fique sem sua presença. E se ele está comigo?! Não temo o perigo. Posso, sim posso! Todas as coisas! Naquele que me fortalece! Todos podem. Não é privilégio meu

PEQUENOS MILAGRES

 Com cada um acontece de um jeito diferente mas todos tem uma história para contar. Meu marido tem o costume de ir para a Baixada Fluminense resolver questões ligadas a sua vida profissional. Acorda duas horas da manhã para não pegar engarrafamento, coisa de maluco, mas cada um tem sua mania. Naquele dia ele chegou no posto de gasolina de um velho amigo por volta das quatro da manhã. Estacionou o carro e ficou observando o local ainda deserto e silencioso. Desceu e foi até a máquina de café, de onde saiu com um café quente na mão. Olhou para o relógio, ainda não era cinco horas, olhou para o céu que começava das sinais do amanhecer. Os frentistas já estavam em seus postos. Oi daqui, tudo bem de lá, está sumido, enquanto abasteciam o seu carro. Depois de um breve bate-papo, ele deixou o local. Seu carro, sempre revisado e muito bem cuidado apresentou sinais de defeito, rum, rum, rum, parava. Rum rum, rateava e parava. Como poderia? Estava tudo certo até ali, conhecia a procedência da gasolina pois só abastecia ali há décadas. Liga de novo e começa a ratear de novo. Encostou na beira da rua, a alguns metros do posto. Irritado e reclamando, desceu para abrir o capô do carro. Qual não foi sua surpresa ao dar de cara com sua carteira sobre o carro. Sim sua carteira, com todos os documentos, desde o teste de pezinho até o último PSA, e com todo seu pouco dinheiro estava ali, bem em cima do carro. Tem gente que tem mania de andar com absolutamente todos os documentos e talões e cartões e tudo mais. Ele a segurou e olhou para o céu, já claro pelo sol que nascia . Uma breve oração nasceu em seu coração. Voltou ao volante , ligou a chave e partiu sem qualquer dificuldade. Naquele dia, ele não teve dúvidas de que o anjo do Senhor, de fato o havia livrado de uma grande dificuldade. Chegou em casa e compartilhou, com lágrimas contidas, a experiência vivida. Ele sabe de quem foi o mérito. Sim, cada um de nós já teve uma experiência assim, simples porém maravilhosa e extraordinária. Qual foi a sua? Deseja compartilhar? Escreva nos comentários e nos conte. Certamente desejamos ser abençoados pelo seu testemunho de vida. Tenha um final de semana abençoado.

CONVERSA COM HELENA : O QUE É O AMOR ?

 Hoje a tarde lhe perguntei se ela me amava. Ela disse que sim. Então eu perguntei o que é amar? Ela ficou pensativa e disse que não sabia explicar, mas achava que é gostar. Eu respondi que gostar é gostar e amar é amar. Ela ficou pensando um bom tempo sem conseguir achar as palavras para explicar. Depois de um tempo ela disse “ vovó você sabe, não precisa eu explicar. Deixei passar um minuto enquanto eu passava um cruzamento e seguia dirigindo. Disse-lhe: “ Helena, amar é querer sempre ficar junto, é sentir saudade quando está longe, é comprar bala finis para agradar, é lembrar em tudo que compra, em tudo que come. Amar é dar milhares de beijinho no rosto antes de dormir, é dar beijinhos no pé, no sovaquinho. Amar é dar presente, comprar slaime, amar é ficar junto e rir o tempo todo. Ela disse: vovó isso é tudo que você faz comigo! Eu ri. Seguimos e quando chegamos no nosso destino ela reclamou que não iria descer do carro porque estava muito Frio. Eu estiquei o braço e lhe entreguei o casaco. Ela vestiu o casaco rosa e me olhou com amor nos olhos e disse: vovó , amar é trazer o casaco quando a dona esquece de trazer... acho que ela entendeu bem o que é amar.

GOTINHAS DE CÉU

 O que eu fiz hoje que mereceria um sorriso de Deus? Ajudei alguém ? Estendi a mão? Qualquer coisa, uma sacola que ajudasse a carregar, uma varanda que varri, uma louça que lavei para ajudar uma amiga que estava embaraçada. Alguma coisa para alguém... um lugar para sentar, a vez numa fila, abaixar para pegar algo que tenha caído, um desconto em um mercadoria, uma maçã a mais na sacola do freguês, uma gorjeta, um copo de água, um cafezinho, parar o carro para esperar alguém atravessar, uma pequena generosidade, enfim, o que fizemos hoje? Se dependêssemos de uma ação amorosa, gentil, graciosa, para que ganhássemos uma estrelinha de ouro na coroa do céu? Teríamos uma agora pelo dia de hoje? Enquanto lavava às onze da noite as louças do almoço, eu pensei sobre isso. Terminei minha rotina, guardei alguns itens na geladeira, outros no armário e minha cabeça ficou martelando. Que tipo de vida temos vivido? O meu, para mim, comigo? Minha dor, meus problemas, minha doença, meu cansaço, meu dinheiro, minha felicidade, minha tranquilidade, meu sucesso... sei não, mas se todos estiverem nessa linha, parece-me que o inferno vai realmente começar por aqui . Preciso eu, e talvez você também, conjugar mais verbos na terceira pessoa. Nós, ele, dele, para ele, para nós , para todos... acho que dessa forma podemos trazer a este mundo tão cruel uma gotinha do céu. Ore e tenha uma noite de paz, ainda dá tempo de fazer alguma coisa hoje... pensemos nisso. Beijo no coração!

SOBRE O AMOR

 O Amor é o ambiente que nos restringe e nos liberta,tal qual a água é para um peixe. O amor é a perda da liberdade mais libertadora que existe. O amor produz a necessidade de se abrir mão da independência para alcançar maior aproximação. Se você desejar as liberdades do amor como realização, segurança e a sensação de dignidade que o amor traz terá que limitar sua liberdade. Um relacionamento profundo é incompatível com decisões unilaterais que impedem que o outro opine em seu viver. Para desfrutar da felicidade do amor é necessário que se abra mão da autonomia individual. Não há dúvida que o homem se sente mais vivo e livre em um relacionamento afetivo. É no amor que nos tornamos nós mesmos. Porém isso implica entrega mútua, altruísta, uma perda mútua de independência. “ Ame o que quer que seja-seu coração certamente vai se apertar e poderá se desfazer pela dor. Se quiser garantir que ele permaneça intacto, não o entregue a ninguém, nem mesmo a um animal. Cubra-o cuidadosamente com hobbies e pequenos luxos; evite qualquer envolvimento, mantenha-o seguro no caixão do seu egoísmo… ele não se desfará pela dor, mas se tornará duro, impenetrável, irredimível, a alternativa é … o inferno” C S Lewis.

No amor abrimos, voluntariamente, mão de nossa liberdade. “ vou me adaptar a você. Vou mudar por sua causa. “Vou servi-lo mesmo que isso signifique sacrifício para mim “. Isso se aplica ao amor romântico, ao amor por um amigo, ao amor por um filho . E também ao amor de Deus. Porém, se somente um lado fizer sacrifícios o relacionamento será de exploração e será opressivo e então não será libertador. Como entender essa liberdade quando se trata do amor a Deus? Será um relacionamento de mão única? Eu terei que me ajustar e me entregar a Deus mas, ele não pode se ajustar e se entregar a mim! Então seria esse um tipo de amor desumanizador? Continuamos na próxima edição. (texto produzido a partir de análise do livro A fé na Era do Ceticismo de Timothy Keller pág 73/74)

EXAME DE SANGUE - SE CUIDA IRMÃO!

 Estou há duas semanas relutante em fazer exame de sangue. Todas as manhãs eu decidia que será no dia seguinte. Assim duas semanas se foram. Mas hoje criei coragem e fui. Antes de sair de casa tomei dois bons copos de água. Lembro-me de quando era pequena me falavam que tínhamos que fazer jejum de tudo. Eu ficava 12 horas sem comer e sem beber água. Isso quase sempre resultava em uma certa desidratação pela manhã que me valiam diversas agulhadas até que o sangue fosse coletado. Um dia, depois de muitas tentativas me perguntaram se eu havia bebido água . Foi quando eu descobri que beber água era importante. Quase desmaiada fui colocada numa maca e servida de dois copos de água. Em menos de dez minutos meu problema foi resolvido. Devidamente hidratada deu tudo certo. Cresci lutando com uma anemia, tirar sangue era uma rotina bem comum. Também era rotina a terceira guerra mundial que eu fazia para tirar sangue. Mas esquece essa parte. Hoje tenho uma saúde razoável, ou penso que tenho. Mas não podemos bobear. Quem não se cuida demonstra pouco amor pela vida e esconde um tendência suicida. Quem não se cuida aceita pacificamente a possibilidade de ter uma doença grave. A pessoa não acredita nisso ou tem medo de descobrir algo desagradável ou, na verdade, não se importa com a vida e inconscientemente age de modo a se autodestruir e encontrar a morte mais rapidamente. Temos um compromisso de viver. Compromisso com nossos pais, filhos, irmãos, cônjuge, amigos, povo e conosco mesmo. Não podemos deixar que nossa vida se vá sem que lutemos por ela. Se cuida irmão! Saúde!

EMOÇÕES DE PROFESSOR

 Quantos anos se passaram? 35 ou 38 anos, nem sei bem. Eu tinha 20 ou 21 anos quando, fiz um concurso para ser professora. Meu segundo concurso. Inicialmente havia uma vaga disponível para todo o município. Com a cara e a coragem conseguimos uma aprovação. A dúvida seria onde eu iria trabalhar. Já lecionava no colégio estadual Casimiro de Abreu. Ansiosa, esperei pela designação. Era um tempo de efervescência política muito acirrada. Meu marido não fazia parte do grupo que estava no governo. A direção da educação no município, mesmo estadual, era ocupada por indicação política. Quando cheguei ao núcleo para ver onde seria aquela única vaga colocada em concurso tive uma supresa dolorida. Você vai trabalhar em Cantagalo que hoje faz parte do Município de Rio das Ostras. Congelei. Não teria como conciliar as duas matrículas. Levantei-me com aquela portaria na mão e perguntei à então chefe do chamado Nec, ou núcleo de educação: Este é o prêmio que você me dá por ter passado no concurso para a única vaga disponível? Se você tivesse conseguido essa classificação, você iria trabalhar lá? Ela não me respondeu. Mas tenho certeza que sentiu a minha dor. Ela era professora também e havia feito o mesmo concurso. Não me lembro bem como as coisas aconteceram. Mas depois de muitos debates e intervenções de amigos sinceros me lotaram na Escolinha do Ribeirão. Era uma punição mais branda por não fazer parte do grupo político que mandava. Ali vivi momentos inesquecíveis, conheci crianças adoráveis, catei muito piolho, ajudava na merenda que era muito carente e deitávamos todos no chão da varanda para descansar. Riamos, chorávamos e estudávamos. Todas aquelas crianças hoje são adultos e eu não seria capaz de reconhecê-las. Porém quando chego na frente da velha escolinha, tudo me vem na memória e sinto uma nostálgica saudade. Quatro ou cinco meses depois fui transferida, a critério da política local para o distrito de Professor Souza para dar aula de história. Antes do final daquele mesmos ano, fui removida para o Colégio do Centro pois a professora de História havia sido transferida e as turmas do ensino médio estavam sem professora. Nossas histórias... são tantas emoções né?

Eclesiastes12:12.- Uma história de Professora

 Meu principal desafio para trabalhar na escola do Ribeirão era como chegar lá. Oito km de estrada de barro. Eu saía de uma escola em torno de 11:30 e 12h e precisava estar lá às 13. Dirigir eu não sabia. Alguém me levou nos primeiros dias. Um dia eu fui sozinha de carro. Acho que aquela foi uma das maiores aventuras que vivi. Havia aprendido a dirigir há poucos dias. Coloquei todas as minhas coisas ali dentro da velha VWBrazilia azul do meu marido, e fui. Muito barro, muita lama, morro do sabão vencido e uffa! Parei na frente da escola. Passei o dia incomodando olhando pela janela pensando em como eu iria voltar. Eu não sabia usar a ré do carro. Terminada a aula, só para registrar, era uma classe multiartisseriada onde todas as séries da C.A até a quarta estudavam na mesma sala. Eu os arrumava por fileiras e ia de fileira em fileira explicando a matéria. Eita vida de professor! Mas eu era uma jovem sonhadora e isso me capacitava para qualquer coisa. Cinco da tarde chegou. Eu fui para o carro e me sentei. Liguei e fiquei tentando usar a ré. Só que eu não sabia que tinha que combinar embreagem naquela manobra. O carro morria e morria de novo, de novo. O dia já ia embora e as crianças também. Alguns trabalhadores que passavam ficaram olhando e outros iam chegando e se somando. Saí do carro e perguntei se alguém ali sabia dirigir. Silêncio. Eu não tinha como sair dali. Então eles conversaram entre si e vieram em minha direção. Rodearam o velho automóvel, cada um segurou num ponto e pronto. Levantaram o carro e viraram de frente para a estrada. Eu cheguei em casa a salvo. Nos dias seguintes usei a bicicleta e corri para aprender a usar a ré do carro. É só uma história. Acredite, ler nos faz ser um pouco o outro. Nos faz mergulhar na alma e mente do escritor e trazer uma pouco dele para dentro da nossas bagagens intelectuais. Leia mais, leia muito e conheça um caminho para o infinito. “Não há limites para fazer livros” Eclesiastes12:12.

ROTINA

 A claridade me dizia que eu havia perdido a hora de acordar. Estivera acordada até de madrugada. Meu cérebro parecia um peão rodando sem parar. Não conseguia dormir. Assisti alguns filmes. Enjoei. Fui tentar ler. Nada. As duas da manhã desci, esquentei um leite no micro-ondas, duas colheres de chocolate e dois biscoitos. Voltei a ler até que as páginas do livro começaram a fazer uma mistura de ação de alimentos, com teorias do pecado e receita de bolo. Acho que estou com sono, pensei. Não quis olhar para o relógio porque isso parece piorar as coisas. Apaguei. Pela manhã perdi a hora do pilates. Resolvi então ir ao novo banco que chegou na cidade para usar o caixa eletrônico. Fiquei toda enrolada pois nunca usei uma caixa eletrônico do Siccoob. Com a ajuda dos atendentes consegui resolver tudo. Um deles, usando máscara me sorriu com um par de olhos brilhantes. Está me reconhecendo professora? Fui seu aluno! Que coisa boa! Claro que eu me lembro de você! Ele então, com toda habilidade me ajudou a resolver meu problema. Com uma sensação de vitória deixei o banco. Umas bananas do tipo prata, daquelas menores, mas com sabor de banana, que são comuns na nossa região estavam exposta na porta do sacolão . Parei para comprar, aproveitei e peguei alguns outros itens e retornei a casa. Mamãe estava adoçando uma xícara de café com açúcar mascavo. Perguntei se ela gostaria de ir ao mercado. Ela queria mas disse que estava muito desanimada e com sonolência. Perai, disse, e preparei uma xícara de supercoffe para ela. Olha que deu certo! Ela andou o mercado todo bem animadinha. O dia foi passando devagar. A chuva molhou a tarde e lavou meu carro na viagem que fiz a Silva Jardim. Entre uma coisa e outra resolvia alguma coisa do trabalho. A noite cheguei em casa exausta. Olhei para alguns lençóis que estavam esperando há uma vida por novos elásticos. Disse: vai ser hoje! Liguei a máquina e comecei a prender novos elásticos. Esses lençóis com elástico, são assim, o lençol está novo e o elástico já era. Antes que eu terminasse meu filho mais novo chegou, abre geladeira, destampa panela e com um pratinho bem servido sentou-se ao meu lado para um papinho de mãe e filho. Tudo feito, levei Chico para dar sua voltinha da noite. Com um coração grato eu pensava na bondade do Senhor neste dia passei a procurar um livro para me ajudar a encontrar o sono. Boa noite irmão! Descansa.

A dinâmica de Deus está em plena atividade. ( Jeremias cap. 32)

 Você compraria uma propriedade num local que estivesse dominado por quadrilhas de bandidos? Pois é, nem eu. Mas ele fez mais ou menos isso. Ele comprou uma boa propriedade num lugar dominado pelos inimigos. Ele era realmente um homem de muita fé. Neste ponto, queria ser um pouco como ele. Ele estivera profetizando em Judá sobre a forma como Judá seria destruída pelos inimigos. Porém o Senhor lhe revelou que depois de cumprido o tempo, ele restauraria a paz de toda nação. Os inimigos já haviam invadido parte do reino e a coisa estava bem ruim. Enquanto muitos fugiam, Jeremias comprou uma fazenda lá. Sabe por quê? Porque Deus lhe mandou. Deus lhe dissera que um dia tudo estaria em seus devidos lugares. Que todo povo que havia sido expulso iria retornar às suas cidades e casas. Jeremias provou que acreditava e investiu grande soma de dinheiro naquela propriedade. Com esse ato ele dizia a seus ouvintes que cressem nas profecias que ele dizia pois o cativeiro tinha hora e data para acabar. Tudo tem um tempo determinado (Ec 3:1) e um dia aquele povo foi liberto e pode retornar para suas cidades. Nosso sofrimento aqui tem prazo limitado. Não será para sempre. Enquanto choramos e lamentamos, coisas estão acontecendo, crianças estão crescendo, pessoas estão agindo, águas estão descendo rio abaixo. A dinâmica de Deus está em plena atividade. Ele manda que edifiquemos durante o tempo de aflição. Então é o que devemos fazer, juntar toda frustração e decepção e transformar em força para estudar, para trabalhar, para crescer. Aproveita as lágrimas e rega a terra que vai produzir as riquezas que suprirão suas necessidades emocionais e materiais. Jeremias creu. Devemos crer e passar pelo vale pedregoso e frio da insegurança com a cabeça erguida e firme com as mãos no arado. Deus vai fazer acontecer! Que Deus conceda os desejos do seu coração e que você seja capaz de dar o primeiro passo. Tenha uma semana abençoada.(base cap 32 Jeremias).

AO JOVEM RAFAEL QUE SE FOI DEIXANDO SAUDADE

 Rafael, a alegria, a festa se fizeram menino e viveram entre nós. Não merecíamos isso mas Deus nos amou e permitiu que tivéssemos esse menino entre nós. Seu sorriso, sua espontaneidade, seu bom humor, sua liberdade e simpatia foram ingredientes que a graça de Deus nos acrescentou por um espaço de tempo, que por ser tão bom, nos parece tão curto. Cada mãe e pai hoje choram. Sim, agradecemos porque um dia ele veio, mas não será fácil lidar com o vazio silencioso que ficará em Casimiro de Abreu agora que ele retornou ao Senhor. Neste tempo de porquês não encontraremos respostas. São momentos em que ficamos paralisados diante da intransponível e dolorosa visão de nossa finitude. De tudo, uma certeza nos resta e é que necessitamos dar amor e apoio uns aos outros para que passemos com passos firmes neste vale de lágrimas e dor.

O MELHOR DA VIAGEM É A VIAGEM.

 O melhor da viagem é a viagem. Por isso acho legal viajar de carro. A gente faz planos, arruma tudo, o coração bate forte e fazemos um roteiro de tudo que vamos fazer. Onde vamos pousar, o que vamos conhecer, comentamos com os amigos e eles ficam com água na boca, enfim esse é o momento das maiores emoções. Então chega o dia, fazemos uma garrafa de café, frutas picadas, água, biscoitos, sanduíches e tudo mais que couber no estômago do povo. De madrugada tudo entulhado não mala, o sol escondido ainda, o GPS ligadão, lá vai você rumo ao horizonte. Se tudo der certo em um ou dois dias você estará chegando ao seu sonhado destino, isso vai depender da distância. Mas certamente nada se compara a esses dias . Cada detalhe da viagem, cada parada, restaurantes, banheiros, dor de barriga, enjoo, dor no pé. Enfim, dando tudo certo é bom mesmo! Porém não é incomum que chegando ao destino você olhe tudo com um certo desânimo. As vezes ficar no hotel parece a melhor opção. Os lugares parem tão comuns e você pensa que próximo de sua casa existem lugares mais bonitos. Uma barata que correu pelo chão deixa você aterrorizado ao lembrar da diária que pagou pelo hotel. O lugar de destaque turístico estava tão cheio de gente que nem conseguiu fazer uma foto direito. A comida tão absurdamente cara que você se sentiu assaltado. Enfim, uma espécie de marasmo e decepção podem se misturar. Isso fica bem pior quando uma dor de estômago ou de barriga coloca o sujeito de plantão no hotel olhando todos sairem sorridentes. Tudo pode acontecer, ou nada pode acontecer. A vida parece mesmo uma viagem. Criamos expectativas e sonhos e eles nos alimentam. Mas poucas pessoas realizam seus sonhos e por isso vivem na ilusão de que se fossem ricos importantes, famosos, bonitos, seriam realmente felizes, como quem chegou ao destino desejado. Mas não é bem assim. Muitas pessoas que levaram anos numa viagem pelo sucesso, fama e riqueza ao chegarem ao seu destino, tornam-se deprimidas, mal humoradas e profundamente infelizes. Vale lembrar o grande número de famosos viciados em drogas, deprimidos e suicidas. Se colocamos nossa alegria em coisas perecíveis, e por aqui tudo parece que é assim, sempre chegaremos a um destino frustrante. Penso que Deus , que é imutável, eterno, perfeito, inabalável deve ser nosso destino final. Na verdade, Ele é! Mas não vivemos assim. Não vemos assim. Mas Ele é nosso destino e também faz conosco a viagem. Quando o Destino é Deus, qualquer lugar é bom, pois ele sempre estará lá. Difícil entender essa mensagem. Mas assim consigo entender porque nos frustramos tanto; colocamos nossa sustentabilidade em sonhos, pessoas, beleza, fama, riquezas mas são como fumaça que se esvai logo depois de nascer . E nós, com toda possibilidade de viver melhor, acabamos a vida em amarguras.

SOU UMA MULHER RICA...

Era noite de sexta-feira. Depois de uma semana pesada cheguei em casa , rapidamente tomei um banho e convidei mamãe para me acompanhar em uma visita na casa da minha irmã. Eu queria entregar um presente que o escritório preparou para nossos clientes estáveis. Ela me recebeu sorridente e me pediu para não ficar muito perto do Paulo pois ele estava gripado. Convidou-nos para jantar, ao que eu respondi que não queria enquanto beliscava um pedaço de bolo que estava em cima do balcão. “Comendo bolo seco? Vou ali comprar uma coca!” Eu, prontamente recusei: “Deus o livre, se aparecer uma coca gelada aqui eu morro de beber!”. A conversa seguiu enquanto ela abria o presente , comia os bombons que guarneciam a linda caneca e Paulo reclamava pelo presente dele que não havia chegado. “Calma Paulo, vai usando essa agendinha que demos para seu pai”. Ele não parece ter gostado muito do conselho. Saímos para a área externa para olhar a obra feita ali. Fizemos muitas fotos e até dançamos ou pelo menos tentei. Rimos e contamos prosas. Essas flores compunham a paisagem noturna. Cheguei em casa feliz e em paz. Meus irmãos, cunhados e sobrinhos são meus amigos e companheiros e isso não tem preço. Sou uma mulher muito rica. Graças ao bom Deus.

TENHA UM FELIZ NATAL

 Acordei antes das seis. O dia seria corrido entre fogão, tanque, pia e forno. Lá pelas quatro fui até a casa da minha tia aqui ao lado. Ela também estava envolvida com os preparativos da ceia de natal mas conseguimos passar um café e sentar um pouquinho para um papinho. Voltei, abri o forno, reguei o tradicional peru de natal, fritei uns bolinhos e encerrei o expediente embrulhando alguns presentes. Por um momento pensei que havia uma âncora em cada perna que me prendia no sofá. Meus pés doíam e eu não conseguia pensar em mais nada a não ser que eu iria direto para a cama dormir. Mas o Natal não é só meu. Minhas irmãs e sobrinhos me esperavam. Arrumei as lembranças numa sacola grande e, depois de um banho quente, segui para a casa da minha irmã. As crianças logo me cercaram enquanto, eufóricas, recebiam seus presentinhos. Nada demais, pequenos mimos. Pedro, saltitante, por três vezes veio me dizer que gostou muito do seu presente enquanto Laura gritava em lágrimas porque soltaram o elástico do seu óculos de mergulhar. Calma que titia ajeita para você! Por um momento paramos tudo. Era uma reunião de natal, e agora iríamos dedicar um momento para agradecer a Deus pela vinda de Jesus ao mundo. Enquanto a breve mensagem era exposta eu olhava os presentes e pensava, estes estão entre aqueles que sobreviveram . Ostentar neste natal, pensei, é poder estar perto das pessoas que amamos. Pensei nas milhares de família enlutadas. Agradecemos a Deus por nos permitir estar juntos nesta data mas é impossível não compartilhar a dor daqueles que foram feridos pela pandemia. Este será um dia difícil para muitos. Cantamos “ porque ele vive, posso crer no amanhã” e recebemos o natal, com um singelo jantar seguido de um amigo oculto familiar no qual trocamos havaianas. Um sorriso, um beijinho na testa, um pedaço de torta de limão, um pouco de uma conversa fiada. Família. Lavei os pratos que pareciam brotar no fundo da pia. O sono e o cansaço me levaram para casa. Agradeci a Deus, por nosso núcleo familiar estar ali, mas também intercedi por todos os amigos e irmãos que sofreram baixas em seus batalhões. Que haja consolo e conforto para todo aquele que, nesta data, precisa lidar com o vazio de uma saudade que não pode ser saciada. O natal continua feliz, pois nossa dor não muda o fato de que Deus se fez homem e habitou entre nós e morreu e ressuscitou e por isso, cremos que haverá um dia reservado para que a tristeza salte de alegria. Tenha um natal de paz.

DEUS NOS FALA O TEMPO TODO

 Durante muitos anos eu reclamava porque aqui em casa os pés de alfavaca não vingavam. Eu trazia as mudas da casa de mamãe, elas até pegavam mas logo depois morriam. Nestes últimos tempos eu bombardeei meus canteiros com sementes. Desta vez, talvez pela quantidade de chuva, deu certo. Tem alfavaca para todo lado. Vejam este canteiro como está verdinho. Porém, observei que, juntamente com o precioso tempero, nasceu uma erva muito semelhante que, porém, não tem nenhuma utilidade culinária. Ela se mistura entre os pés de alfavaca e pode nos enganar. Suas raízes se aprofundam e se enrolam e quando a arrancamos as alfavaca saem junto. Lembrei das palavras de Jesus sobre o joio e o trigo. Pensei nas coisas e pessoas que nascem próximo das outras e aparentam ser semelhantes. Parecem boas, justas e amigas, estão sempre por perto e as vezes tem até o mesmo sobrenome, declaram a mesma fé e pensamento. Porém elas não são verdadeiras. Não tem o cheiro bom do tempero, não tem o mesmo sabor e valor. Porém, se arrancadas podem ferir de morte as ervas sinceras. Jesus ensinava com uma sabedoria sensacional. E ele continua falando através do sol, da lua, estrelas, aves do céu e, ervas do campo. Sua voz é eterna e seus ensinamentos são vida. A colheita definirá quem é quem nesta vida. E os frutos anunciarão o que cada um de nós, verdadeiramente é. Quiçá estejamos entre as ervas de valor.

A PORTA ESTREITA - A GUERRA, A FOME E A PESTE.

 A peste, a guerra e a fome. Os três maiores inimigos da vida são enfrentados há milênios. Os estudos evoluem as tecnologias porém pouco se acrescenta ao evento morte. Inevitavelmente essa sentença é executada num dia desses, normalmente, imprevisível. Não há uma fila indiana. No século XIV a preste negra, ou bubônica ceifou 1/3 da população da Europa/Ásia, fala-se em 75 ou 200 milhões de almas. O século XVI ficou na moldura da varíola que dizimou a população do México, Havaí e adjacências. A primeira guerra, 1914/1918 deixou um saldo de 40 milhões de mortes e quem sobreviveu teve que enfrentar a gripe espanhola que levou algo entre 50 e 100 milhões de vidas . 21 anos depois a Segunda Guerra deu conta de milhões . E A FOME ? Ainda mata mas já matou muito mais. Hoje a fome mata muito mais em razão da política adotada pelos governos do que por ausência de alimentos. A tecnologia pode produzir comida no deserto e levá-la a lugares remotos mas nem sempre isso é interessante. A desigualdade na distribuição de riquezas também é relevante nesse ponto. Parece inadequado mas embora centenas de milhões de pessoas no mundo ainda passem fome, há informações de que em muitos países o hábito de comer demais tornou-se um problema pior que a fome. Penso que a fome alimenta monstros daí a China ter uma história de períodos terríveis de fome. Hoje é uma especie de bruxa de Joao e Maria que engorda seus filhos para devorar sua liberdade. Estômagos alimentados e espíritos famintos. A fome sempre presente. A fome, a guerra e peste. Por todo lado, em todo tempo. Não tenho um final feliz para essa história só quero que você medite um pouco. Quem sabe , procure viver melhor evitando conflitos desnecessários. O Homem continua buscando uma porta de saída para a morte. Quem dera todo conhecimento humano pudessem levar o homem à Porta Estreita.

OLHAR COM SIMPATIA O ERRO DE UM IRMÃO...

 “Olhar com simpatia o erro de um irmão” diz o hino do cantor cristão. Uma frase, certamente, inspirada. Quando julgo que alguém falhou e me indigno em condenações, lembro de Jesus conversando com a mulher adúltera ou com a samaritana. Lembro de seu olhar para Pedro, após a sua negação. Imediatamente minha alma se envergonha e desço até pó. Quantas vezes eu pratiquei o mesmo erro? E senão o fiz quantas vezes desejei fazê-lo? Quantos erros pratiquei e pratico, em atitudes e pensamentos mesquinhos que jamais contaria a ninguém? Um pequeno espelho seria suficiente para que eu me visse e não mais condenasse ninguém. Papai do céu nos ensinou a ter um coração perdoador e compreensivo, mas nós, comumente, preferimos aprender com Pedro, puxar a espada e sair arrancando orelhas por aí. Deformamos as pessoas, sua história, sua imagem e posamos na foto com cara de fariseu dono da verdade. Precisamos melhorar nosso Caráter se quisermos alcançar aquele coração puro que um dia, quiçá, verá a Deus.

CASAMENTO: UMA GUERRA QUE VALE A PENA VENCER

 Helena, minha netinha, comentou comigo enquanto eu lavava a louça do almoço “ vovó tio Luiz é engraçado diz que não tem cabelo e depois diz que foi cortar o cabelo!.” É verdade respondi sorrindo. Lembrei das fotos que vi dele jovem, tão charmoso com o cabelo bem liso e franjinha na testa. Queria tanto ter conhecido ele há mais tempo e ter a lembrança real não de foto. A vida nos leva o a cor do cabelo e o próprio cabelo. Então eu pinto o meu e ele usa boné. Temos muitas diferenças mas um companheirismo sem limite nos une até a alma. Há dias de chuva e de sol em um casamento, o meu não é diferente. Mas olha a Terra, chuva e sol fazem a dinâmica da vida existir. Crescemos na dor, nos fortalecemos nas lutas e sobretudo o amor se revela em forte cordas que unem vidas. Ontem passei o dia num hospital na incerteza e solidão típicas do momento. Pelo vidro olhava para ele do lado de fora tentando me passar força com mímicas. Ele tirava o boné, colocava, andava para um lado e para o outro da rua e voltava e ia mil vezes, sei lá. Quando finalmente pude sair no fim da tarde ele estava lá sorrindo amarelo. Levou-me para tomar um suco de laranja e correu várias farmácias até conseguir comprar todos os remédios que eu precisava naquele momento. Sem muito ânimo para falar comprei uma água de coco que compartilhamos com poucas palavras. Entramos no carro e dei umas cotovelas nele que rendeu algumas risadas. Relacionamentos, com esposo, ou esposa, com mãe, pai, irmãos, amigos, netos, nora, sogros, filhos, você precisa cultivar um para viver melhor. Não é fácil , pergunte ao meu marido e a meus filhos o que ele passam de aperto com meu temperamento difícil e eles vão explicar como eles tem conseguido.

PEDALANDO COM PAPAI -CAUSOS

 Ontem fomos pedalar juntos. Ele vai devagar, porque já teve pressa. Eu vou na mesma toada enquanto escuto seus causos. Quantas histórias guardadas no coração. Em dado momento passamos por uma porteira, ele se recordou do dia que passando por ali havia um senhor, com seus setenta e tantos anos sentado à porta. O dia ia subindo e ele parou ali para prosear com o velho cidadão. Sempre muito brincalhão perguntou ao homem se ele tinha café pois estava desde o dia anterior sem comida. É claro que não estava. Mas queria prosear. O homem, prontamente trouxe um bule com café quente e o convidou a sentar-se em sua humilde cozinha. Enquanto degustavam o café que queimava a língua o homem lhe perguntou o nome ao que ele respondeu sou um Miranda. Os olhos do estranho brilharam. Ele conhecera um dos Miranda, há muitos anos. Era um jovem comprador de bananas que muito o ajudara. Era um jovem muito honesto e bom pagador. Pagava as cargas de banana à vista. Nunca falhava. Era assim, assim, assim. Enquanto ele contava os detalhes papai sorria em silêncio. O homem dizia que tinha muita vontade de rever aquele rapaz antes de morrer. Qual não foi a alegria de ambos quando papai se identificou. Sim ele era tal pessoa. Que momento especial. Seguiram com o café, que agora tinha um sabor especial, sabor de velhos amigos aos quais o tempo, regido por Deus, se encarregou de reunir, numa doce manhã de sol.

MADRASTA MINHA HITÓRIA DE AMOR

 Eu tinha oito anos e ela 16. Papai parou o caminhão e ela desceu em silêncio. Entrou na sala e eu estava sentada no chão assistindo a uma antiga televisão em preto e branco. Eu não queria aceitar que meu pai iria casar-se. Não queria saber daquela estória muito menos dela. Nos dias seguintes eu permanecia indiferente. Papai voltou para estrada e a deixou conosco. Minhas tias se foram me deixando com ela. Meu mundo desabou quando percebi que ela iria dormir na mesma cama que eu. Se bem me lembro eu chorei a noite inteira gritando pelas minhas tias. Mas em vão. Ela entenderam que a melhor pedagogia seria me deixar sozinha com a novata. No chão da sala eu recortava roupas para uma velha boneca. Ela sentou-se ao meu lado e começou a costurar novos vestidos para as bonecas. Ergui os olhos e diante de mim estava uma mocinha, morena, cabelos bem lisos e pretos. Seus dedos finos manuseavam a tesoura e a agulha. Afinal alguém que sabia brincar de boneca não poderia ser assim tão ruim. Nasceu ali uma história que já dura 50 anos. Neste tempo choramos, sorrimos, nos amamos, nos odiamos, nos abraçamos, nos empurramos. Neste tempo ela cuidou de mim e eu cuidei dela. Ela me espremeu e nós a esprememos. Quando ela adoeceu de morte eu adoeci de medo. Buscamos em todos canto uma saída e Deus nos deu. Depois de uma cirurgia craniana ela não foi mais a mesma, seu cérebro amargava as variações decorrentes das lesões sofridas . Porém hoje a encontrei cabisbaixa, em suas mãos uma caixa com velhas fotografias onde papai exibia sua juventude ao lado dos quatro filhos que ela lhe dera. De uma certa distância fiquei contemplando aquela cena. Ela não sorria e passava cada foto como quem desejava mergulhar nela. O último pedido do papai foi que cuidássemos dela. Eu não tinha o que falar. Ela se levantou e, exibindo uma rara consciência dos fatos a sua volta, me abraçou e me pediu perdão. Não me recordo se eu teria alguma coisa para perdoar a alguém que amou perdidamente meu papai e me deu quatro irmãos que são minha alegria, minha honra, minha confiança, minha vida. Sim, eu a perdoaria por ter me amado no momento em que todos me abandoaram? Eu a perdoaria por ter me ensinado a ser uma boa dona de casa? Eu a perdoaria por ter me ajudado a criar meus filhos e por os seus seios sem leite para eles ficarem quieto até eu chegar da faculdade com os meus de leite? Sim. Só uma coisa eu não a perdoarei, se ela enfraquecer e não ficar ao nosso lado, bem viva, bem firme, nos ajudando a curar essa ferida aberta que sangra de saudade de nosso papai. Esse abraço registrado por uma amiga e ele fala mais que mil palavras.

MEU PAI SE FOI E A SAUDADE ME MALTRATA

 Daniele disse que eu tinha o dom de fazer ele sorrir... não era isso. Era a alegria que sentíamos quando estávamos juntos. Quando compartilhávamos suas histórias e aventuras nas estradas desse Brasilzão que ele tanto amava. No primeiro dia eu estava anestesiada. No segundo eu estava como quem sonha. Agora estou como quem deseja acordar e sei que ninguém pode fazer isso. Meu pai não estará lá quando eu chegar. Não mais histórias, não mais café, não mais tucunaré frito na hora, não mais sorrisos. Só a nua, espinhosa , insípida e infame ausência . Desejo ao menos que, passado este momento tão doloroso, eu possa ser alguém melhor, mais humana, mais atenciosa , mais digna, mais parecida com ele.

SER SOLIDÁRIO COM QUEM SOFRE

 Desculpe mas preciso dizer isso. Há cinco dias meu pai morreu. Morreu por causa desse vírus maldito que emergiu no outro lado do mundo, foi se deslocando de pessoa em pessoa, até chegar aos confins da terra, na Lagoa de Juturnaíba onde meu papai se escondia do mundo. Milhões de famílias foram humilhadas por esta coisa microscópica, unicelular, sei lá, que vem desafiando a glória dos donos da ciência e do conhecimento. Ele simplesmente derruba e mata. E a nós resta a única coisa que podemos fazer, chorar humilhados. Hoje estou vivendo o pior dia do luto. Minha mente foi completamente inundada pelo meu pai. Sua vida, seu sorriso, minha infância, seu caminhão vermelho, o azul, o branco, seus carros sucatas que ele adorava reformar, sua bicicleta pré-histórica com freio contrapedal, seu sorriso, o caldo de cana que ele fazia e colocava numa garrafa de coca vazia para eu trazer, o peixinho já cortado para eu fritar, o aipim que ele colhia para eu trazer. Minha mente hoje está como se uma represa tivesse rompido e tudo fosse derramado. Sinto seus passos lentos, seu cheiro de óleo dieses, ouço sua voz cansada. Hoje eu não sou eu. Hoje eu estou como um prédio atingido por uma aeronave, como as torres gêmeas. Eu não sou forte, eu sou uma filha que foi amada sem limites pelo pai e que o amou na mesma intensidade. Hoje eu sou só uma filha sem pai, sem referência, sem confiança, sem amanhã. Hoje eu sou uma pena que o vento levaria a qualquer parte. Queria ir para a Lagoa e gritar no portão Pai! Sou eu! E ouvir ele gritar Lalanca, você veio, mas que surpresa boa! E ir direto para o velho fogão caindo aos pedaços colocar uma panela, a mesma que ele fazia o arroz, fritava o bife, para ferver água e fazer um café. Hoje, amigos, eu não sou nada. Sou dor, sou choro, sou lamento. Amigos, hoje, eu sou uma folha seca caída na beira da estrada; hoje eu sou uma filha sem pai. Sei que vai passar. Milhões estão vivendo isso,ou ainda vão viver e todos suportarão porque é o caminho de todos os homens. Neste momento eu compreendo o que dizia o velho hino que papai gostava tanto... foi na cruz, foi na cruz... mas um dia senti meus pecados e vi sobre mim a espada da Lei... Sim a espada da Lei é a morte fria, debochada, insensível porém incrivelmente isonômica. A morte que apaga sorrisos, olhares, canções, histórias, saberes, amores, sonhos. A morte humilhante que faz do homem um fantoche. Sei que vai passar, pode não parecer mas sou crente. Creio a ressurreição dos mortos, creio na vinda de jesus nas nuvens com sua Igreja que ressuscitará primeiro . Mas não posso evitar a profunda cova que se abriu em meu coração que engoliu minhas forças, alegria e vigor. Vai passar! Eu Sei. Mas de tudo que vivi, mesmo quando perdi meu avô, não senti isso. Quando vovô morreu foi como se eu tivesse perdido meu pai e meu avô. Mas ficou o meu pai, então meu pai acabou também suprindo aquilo que era o avô. Mas agora, amargamente perdi de novo o meu avô e o meu pai. Não os tenho por perto. Estou amargando um fel que não desejo para ninguém. Hoje minha mente adoecida me cobra os beijos que não dei, as visitas que não fiz, os presentes que não dei, as histórias que não ouvi. Hoje vai virar ontem e sei que vou sair para um outro dia. Todos Saem. O luto é uma doença terrível, mas curável. Que Deus abençoe e sustente este meu Brasil que vive o luto normal das mortes, que vive o luto desigual do covid, que vive o luto da morte da esperança de alguma coisa melhorar por aqui. Quero trazer à memória aquilo que me dá esperança. Jesus nos prometeu que um dia tudo será esclarecido e Ele pessoalmente nos trará uma nova vida, um novo corpo e uma história na qual a morte não ocupara uma linha sequer. Apesar do que sinto neste momento, eu creio nisso, e com ardente expectativa aguado a volta de Cristo. Desejo também dizer que o abraço, a presença, as mensagens dos amigos são gotas do céu numa terra seca e ácida. Não se envergonhem, solidarizem-se pessoalmente com quem está depauperado da alegria da vida em razão do luto que lhe foi imposto. Obrigada por me dar atenção. Que Deus os abençoe abundantemente.

“Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim, se levantará sobre a Terra”. (Jó 19:25)

 No final de tudo, quando o silêncio se impuser numa busca desesperada por respostas que não virão. Quando eu vir que não era o que eu pensava, que nunca foi o que sonhei pois, na verdade tudo foi um sonho. O próprio sonho foi. Quando me restar apenas o olhar penalizado de alguns poucos amigos; no final, quando cacos de telha forem necessários para remover as cascas das feridas, e o chão for alto para mim... Vejo todos os dias homens fortes, saudáveis, vaidosos, destemidos, esbravejantes, controladores, violentos ou não, chegarem a este triste dia. E por fim, quando o nosso chegar... penso que tal dia está ali na frente em algum lugar e nós, com nossas próprias pernas , caminhamos para ele como quem pula amarelinha, segunda, terça, quarta.... pow! Chegou! Desejaria passar por tais dias e, como Jó, contender com Deus, e saber que foi Deus, sim, toda dor e sofrimento, saber que foi Deus! Pois o Diabo não é autor nem ator principal na nossa vida. Brigar com Deus, chorar com Ele, perguntar a Ele por que me criou, dizer para ele que não queria ter nascido... e no fim do final, num redemoinho, vê-lo, quem sabe, como Elias, pegar uma carona, e chegar na Terra Prometida, numa Ferrari Celestial, cuja porta seria aberta pelo Messias, meu piloto , meu restaurador e Senhor. “Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim, se levantará sobre a Terra”. (Jó 19:25)

VOCÊ PRECISA SER FORTE -

 Tenho pensado em Jó e na sua dor. Um homem que perdeu quase tudo. Restaram a mulher, quatro amigos da sociedade e alguns cacos de telha. A esposa destruída pela morte dos filhos perdeu de imediato a esperança em Deus. Os amigos, o visitaram e por sete dias foram amigos pois se sentaram a seu lado e em silêncio ofereceram sua presença. Sete dias em silêncio, apenas compartilhando a dor. Certamente isso foi abençoador. As vezes só precisamos de uma presença, de um olhar, do esboço suave de um sorriso afetuoso. Quando não temos o que falar, ofereçamos nosso doce silêncio de amor. Há momentos em que As palavras podem ser incapazes de ajudar. Aqueles mesmos amigos quando abriram a boca conseguiram aumentar o sofrimento de Jó sobremaneira. Eles tentavam achar um motivo para o sofrimento de Jó . Tolos! Quem compreenderá o que O Poderoso permite que aconteça ? Quem saberá suas razões? Apenas sabemos que tudo que ele faz é bom. Porém não sabemos exatamente o significado de “bom”. Por fim, restaram os cacos de telha com os quais limpava suas feridas. Algumas pessoas estão emocionalmente destroçadas, sofridas, arrasadas, porém ainda assim são capazes de abençoar outras. Estamos como cacos de telha, quebrados, porém ainda podemos estender as mãos para ajudar a curar a ferida do outro. Sem palavras, sem expressão, sem palanque, como cacos, entregando o seu pouquinho para cumprir a santa missão de ser sal e luz num mundo sem sabor e sem cor. Nem a mulher, nem os exuberantes amigos mas alguns cacos estiveram ao lado e realmente fizeram diferença na vida do Jó. Se nos estivermos em profunda aflição, com a alma em frangalhos, não nos deixemos vitimizar, existem pessoas que precisam de nós. Sejamos todos fortes e corajosos!

PARA O MEU PAPAI

 A gente andava de bicicleta juntos. Sem pressa, um morro ou outro ele descia pois sua velha bicicleta contra-pedal não colaborava. Eu amava sua companhia alegre, serena, protetora. Suas mãos fortes, dedos firmes forjados pelo volante dos caminhões, pelas chaves de roda, pelas ferramentas que usava para consertar seus carrinhos velhos. A gente parava para ouvir os pássaros, para olhar o céu. Ele parava para cumprimentar amigos que passavam e eram muitos. Eu cansada ele nem aí. Jamais pensei que papai fosse embora. Ele era imortal para mim. Mas só que não. Os papais morrem de verdade. Um dia acontece e é melhor que seja assim. Ele foi feliz por não ter enterrado nenhum de seus seis filhos. Ele foi feliz com um chapéu velho e uma bicicleta de museu. Hoje minha irmã veio me contar desconfiada que havia pego uma coisa de papai. Fiquei curiosa pois papai não possuía praticamente nada de valor. Ela, com receio, me disse que pegou o chapéu dele. Eu sorri. O chapéu era sua marca. Tudo bem, eu disse. Ela guarda o chapéu e eu guardo as lembranças. A bicicleta vai ganhar um lugar de destaque na casa de um dos filhos. Será uma relíquia para que olhemos e contemos aos netos e bisnetos quem foi Simião Miranda, o homem que foi unanimemente conclamado como bom, honesto, amigo, alegre e leal pelos amigos, irmãos, filhos. Acho que devíamos comprar uma tartaruga de metal e colocar ao lado da bicicleta. Ele tinha o apelido de Tartaruga, porque dirigia devagar. Devagar chegou com pernas e braços de atleta aos 81 anos. Devagar chegou aos 81 andando 30 km de bike num dia sem fadiga. Devagar ele se foi caminhando com passos lentos até o hospital. Devagar estamos tentando sobreviver a esse momento novo, que se vive uma vez só, que não se aprende ouvindo, só vivendo.

ORAÇÃO PODEMOS MUDAR O MUNDO

 Como podemos ajudar a Deus? Será que ele necessita de alguma coisa? Não. Mas de alguma forma ele nos fez parte de um projeto importante. Qual projeto? A história da humanidade. Por alguma razão Deus age através das orações dos homens. Talvez por isso o Paulo tenha nos mandado orar sem cessar. A Bíblia ressalta a importância e o significado da oração de forma clara. Encontramos nos livros sagrados mais de 650 orações e mais de 450 respostas de oração. Orar não é uma opção, é um dever. Não orar é pecado. Recordo-me agora de um encontro que fiz em minha casa com uma das minhas turmas de alunos. Lá pelo meio da reunião fizemos uma roda e eu os convidei para orar. Eles acharam legal. Porém eu disse que eles não poderiam orar nem por eles mesmos nem pelos seus familiares. Nesse momento houve um certo embaraço. Uma menina muito ansiosa me disse que não sabia orar. Outra disse que só sabia orar pela sua família. Então eu, com muita tranquilidade, disse que seria uma experiência muito boa. Oraríamos uns pelos outros, do jeito que quisessem. Oração errada só existe uma. É aquela que não é feita. Oramos uns pelos outros e foi uma experiência maravilhosa. Pare tudo agora. Ore por alguém que você sabe estar vivendo dificuldade. Ore por mim, por exemplo, estou vivendo um momento muito difícil. Ore pelos enfermos de depressão, de câncer, de Covid. Ore pelos dependentes químicos. Ore para que Deus console e reerga a cidade de Petrópolis. Ore pelos líderes mundiais, estamos vivendo momentos de tensão internacional que pode nos levar a grande dores. Depois descanse, você terá aberto um rio no meio do deserto, terá aberto um caminho no meio do Mar e Deus através da sua oração poderá agir poderosamente em muitas situações. Que a paz e a doce graça de nosso Senhor Jesus inundem seu coração, como uma cálice que transborda. Boa noite!